Raças Autóctones
O passado dia 10 de Junho, dia de Portugal, passei-o em Santarém.
Decidi fazê-lo por, de entre outras coisas, ser ali a homenagem ao capitão de Abril, Salgueiro Maia.
De entre as outras contava o facto de poder almoçar em Almeirim, ali a dois passos, e saborear a sua famosa sopa da pedra.
Outra, poder visitar a famosa Feira da Agricultura de Santarém.
E é aqui que reside a razão de ser deste post.
Ao passar pelos diversos stands de exposição das variadas raças autóctones deste portugal dei comigo a pensar nas analogias sempre depreciativas que, nós humanos, fazemos.
Parei em frente ao carneiro. Animal vulgar, comum, de olhar meigo e doce e representativo de mamiferos ruminantes da família dos bovideos.
Que raio de analogia fazemos quando alguém é apodado de "CARNEIRO" ?
Porquê a "CARNEIRADA" , quando pretendemos adjectivar gente servil, amorfa, seguidora e acéfala?
Continuando pelos bovídeos e apreciando as raças autóctones presentes, de entre as quais se destacavam a Marinhoa e a Barrosã, dou de caras com um espécime.
Gordo, cornudo e cornúpeto, barrigudo, avaro de comida e bebida, ruminando e grunhindo continuadamente algo, quase, inaudível.
Com destino traçado à partida, o açougue, imaginemos que, enquanto espera, tem dor de corno.
Dor de corno, não!
Neste caso dor do corno.
A forma com olha para o feno do vizinho denuncia ser invejoso.
Está com inveja do outro, o animal!
Arre que é demais!
Ter dor no corno, invejar o parceiro do lado, o que, por si só, faz com que a dor no corno passe a ... dor de corno. Que destino fodido (perdoem-me a libertinagem da expressão).
Saber que mais cedo ou mais tarde será pasto gastronómico - melhor dizendo, entregará a alma ao criador (os bovídeos terão alma?) - e, no entretanto, ter dor de corno por ser invejoso é um destino mais que fodido ... é refodido!
Deixemos os animais ruminantes, que o sol já vai alto no céu azul e quente.
Sigamos, que o dia está lindo e, à nossa frente, já se sente a maresia.