A poesia de Adriano Alcantâra
A visita do poeta de África e do mundo, que proclama "a utopia de olhos escancarados", ao nosso - menino de áfrica, - foi um previlégio.
Aqui partilhamos o presente que, na sua humilde grandeza, nos ofertou.
Obrigado, Adriano Alcantâra.
A TORTO DIREITO
Sussurram tempos e contrariedades,
caem dias a torto e a direito.
Fica quem tudo a eito leva,
e não quem de todo a nada chega.
Escondo-me atrás de mim
e vejo-me tinto no copo,
do olhar do mundo afastado.
Olho-me e ouço as cousas ficarem
no fluir de um sussurro, no osso
de um momento, teus lábios
fugidios na ponta da noite além
onde me aconchego e escondo,
torto em sábios dias aí tecidos,
aqui direito em nós de luz.
Adriano Alcântara
Novembro quente, água-pé na mente. 2007