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Cova d'oiro

... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego. Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira

Cova d'oiro

... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego. Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira

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O Calão no Linguajar dos Ilhos

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Um enorme abraço de gratidão por esta prenda, amigo Senos Fonseca.
Prometo embrenhar-me, enlear-me neste seu livro que tanto, a nós covagalenses, também, diz.
Permita que lhe ofereça um pequeno poema, em memória dos meninos que, aos 16 anos de idade, pela mão de seus pais e avós, embarcavam para o bacalhau.
 
16 anos de idade, moço e pescador
 
Tanto mar, tanto ar, tanto medo
Tanto frio, tanto nada, tanto gelo!
O que é que faço aqui?
Neste norte branco, neste vento.
Neste mundo, branca névoa.
Nesta bruma,
Nesta escuna
Neste bote, neste dóri.
Madeiro leve e lasso.
Nestas ondas deste mar
Do norte frio e de morte.
O que é que eu faço,
Que é que eu faço?
Quero fugir!
Fugir da ditadura
Da surriada, do trole, bacalhau
Da isca, da linha, zagaia e pingalim.
Este gelo corta como aço
Que tanto tortura, tanto dura.
O que é que eu faço,
Que é que eu faço?
O que é que faço aqui?
Neste norte branco, neste vento.
Neste mundo, branca névoa
Nesta bruma,
Nesta escuna
Neste bote, neste dóri
Madeiro, leve e lasso.
Nestas ondas deste mar
Do norte frio e de morte.
O que é que eu faço,
Que é que eu faço?

.... .- ...- . / -- . .-. -.-. -.-- Have Mercy

A erosão costeira a sul da foz do rio mondego.
Três meses depois, passado que foi o período mais intenso e rigoroso do inverno, o problema gigantesco com que nos deparamos há décadas, piorou.
Piorou e muito, pois o mar continua na sua função reguladora ambiental planetária.
O degelo continua, aliás, agrava-se a cada dia que passa e o planeta continua impávido a respirar a sua própria natureza e a viver a seu ritmo que não tem nada a haver com o nosso, minorcas parasitas que vivemos a ele alapados.
Pois, falemos da poluição, sim, falemos e falemos também das obras locais reguladoras do desaguar das águas do Mondego e -  parasitas que somos - sem levar em atenção o que a natureza determina.
Sim, falemos da inépcia e, também, do serôdio e aviltante aproveitamento politico de oportunistas de ocasião, que tudo e todos põem em causa (menos, claro, a família e amigalhaços) e erguem canetas e dedos acusadores, quais juízes déspotas e prepotentes donos de todas as verdades tidas como absolutas.
Ok, falemos, ainda, dos pseudo engenheiros, doutores e tecnócratas de variada índole e valência técnica, que tudo sabem e para tudo têm solução e remédio. Eles são os paredões verticais, eles são os quebra-mares paralelos à costa submersos ou não, eles são os diversos tipos de by-pass de areias, eles são isto aquilo e aqueloutro.
Ah!
Ia-me esquecendo dos que tecem meças e lutas de alecrim e mangerona, erguendo argumentos de que encontraram a solução primeiro que tu, eu, ele e todos os outros. Parecem meninos a comparar e medir; a minha é maior que a tua... ou, a minha foi primeiro que a tua.
Ah!
E, depois, ainda, os políticos emergentes, quais salvadores da pátria, armados em "portugueses de bem" a lançar medidas de salvação nacional como se, à sua volta, não vivesse ninguém que fosse legítimo dono de alguns neurónios funcionais. Eles aparecem dissimulados de cidadãos interessados e comprometidos com causas e métodos tidos por "de elite" e que deve agradar a todos os demais da populaça tida como amorfa e acomodada.
Pasmem, ó minha gente, (que não são os "portugueses de bem") é como se o mundo tivesse começado a existir somente após a sua chegada e, o mais grave, é que eles acreditam mesmo nisso.
Falta falar nos figueirinhas que, há seculos, pensam que a Figueira vive à volta do casino e bairro novo e que o rio divide.
Acordem! Pensem na culpa que vos cabe por a Figueira continuar na sua triste condição de aldeia circundada por um imenso triângulo de cidades vivas e pujantes. 


População em sobressalto

A população de S. Pedro, Cova-Gala em sobressalto.

A extinção da sua extensão de saúde.

Sou filho, neto, bisneto e, até onde a memória alcança, descendente dos antigos pescadores de Ílhavo que, um dia procuraram abrigo nestas dunas, neste mar, que os sustentou, lhes deu vida e perspetivas de futuro.

E sempre deram de si o que lhes era humanamente possível dar.

Em nome da honra, da seriedade e do trabalho e, em não poucos casos, do sacrifício e da dor se entregaram ao mar e à sua terra.

A Figueira da Foz.

Ajudaram a dar-lhe forma, conteúdo e, principalmente, identidade.

De acordo com as nossas origens, somos gente do mar.

Por isso, talvez premiando a qualidade do seu labor, o Estado Novo, em 1959, entendeu dotar este povo com uma Casa dos Pescadores.

Sita na Rua Remigio Falcão Barreto, em lugar de destaque.

Nela e ao longo dos tempos este povo Covagalense teve sempre um apoio para a saúde e para a doença.

Foi sempre o seu Posto médico.

Ajudou, sempre ajudou, a consolar a míngua.

E é para estes, essencialmente para estes, que ele existe. Não é para quem pode ter seguro de saúde ou transporte para se deslocar para aqui e para ali. Para esses este não é um problema. Têm alternativa.

Mas os outros não!

E é em nome destes, dos que não têm alternativa, que têm reformas sociais e mínimas que devemos todos dizer; Não!

Não!

Não nos podem tirar o nosso posto médico.

E muito menos desta forma, ignóbil, através de um papel afixado na parede com indicações perentórias e definitivas.

Sem uma consulta, sem uma palavra, sem uma reunião.

Mas, há um ano, de forma menos correta, subrepticia e jogando com as palavras afirmaram que se não ia acabar com nenhum Centro de Saúde. Esquecendo deliberadamente (há quem pense que com má fé) as Extensões de Saúde, os Postos Médicos.

A simplicidade é fácil de ser enganada.

 

Sabem, senhores responsáveis regionais da saúde.

Nós vivemos, escolhemos construir e viver numa sociedade Democrática e Contributiva.

E ela é contributiva porque nós decidimos contribuir com uma percentagem do nosso trabalho, da nossa atividade para a manutenção da Dignidade Humana. E esta pressupõe que os mais desfavorecidos não fiquem entregues à sua sorte.

Nós tratamos deles.

Do mesmo modo que é fácil enganar a simplicidade não se admirem com a força do seu caráter e da sua indignação.

Tudo isto foi um erro, uma enorme prepotência.

Mas nunca é tarde para se emendar o erro.

Também aí, na emenda do erro se veem os grandes homens.

Deixem lá estar, sossegadinho, o Posto Médico da Cova-Gala.

 

João Pita,

cidadão da Freguesia de S. Pedro, Cova-Gala.

Capitão João Pereira Mano

 

Tudo, mesmo tudo, o que aqui escrevo sobre a Cova e a Gala e os covagalenses o devo ao Capitão João Pereira Mano.

Foi aos seus livros que fui buscar as informações sobre as origens da Cova e da Gala e o conceito da Cova D'oiro.

Se, hoje, sabemos de onde provimos ao Capitão João Pereira Mano o devemos.

 

Obrigado Capitão!

 

" João Pereia Mano nasceu na Gala, Figueira da Foz, a 2 de Setembro de 1914.

Filho, neto e bisneto de pescadores e orfão de pais aos 12 anos, tirou o curso elementar da Escola Naútica com dificuldades pecuniárias, tendo obtido, decerto forçado por essas circunstâncias, a melhor classificação do curso. ...

... Depois da sua reforma, aos 61 anos, dedicou-se à investigação (principalmente nos arquivos de Lisboa, Coimbra e Aveiro) da história das povoações do litoral figueirensee especialmente das origens dos pescadores da Cova e da Gala. ..."

 

Bibliografia do Capitão João Pereira Mano:

 

1. Terras do mar salgado: São Julião da Figueira da Foz, São Pedro da Cova-Gala, Buarcos, Costa de Lavos e Leirosa. Centro de Estudos do Mar e das Navegações; Figueira da Foz.

2. As freguesias de S. Pedro, Lavos, S. Julião e Buarcos em artigos de buscador [texto fotocopiado / compil. João Mano.

3. Terras do mar salgado: São Julião da Figueira da Foz - São Pedro da Cova - Gala - Buarcos - Costa de Lavos e Leirosa / João Pereira Mano. Figueira da Foz: Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque - CEMAR. ISBN 972-8289-07-3.

4. Lavos: nove séculos de História. Seguidos de inéditos e esparsos / João Pereira Mano. Figueira da Foz - Lavos: Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque - CEMAR. Junta de Freguesia de Lavos. ISBN 972-8289-16-2.

5. Adenda à compilação dos "Artigos de Buscador" / João Mano. [Figueira da Foz]: O Dever.

6. Jacinto de Jesus e Silva, navegador figueirense de meados do século XIX / João Pereira Mano. 2004.

7. A frota de pesca Cova Galense à volta de 1890 (barcos, redes, arrais e donos) / João P. Mano. 2004.

8. A mudança da Câmara de Tavarede para o lugar ou porto da Figueira / João P. Mano. 2005.

9. O patacho Zaida e a primeira travessia aérea do Atlântico Sul / João P. Mano. 2006.

10. Singular naufrágio ao longo da Costa, entre o Cabo Mondego e a Ria, de um comboio de navios britânicos, em 1804 / pelo Capitão João Mano. 1979.

 

Obrigado Capitão!

 

 

 

Convém não esquecer

 

Nos tempos que correm, nestes tempos de mudança e de crise de tudo o que se prende à memória e, também, à ética é normal o aproveitamento oportuno das ocasiões.
 
Vem isto a propósito da reforma administrativa levada a cabo pelo ministro Relvas, personificada pela lei 22/2012 e que pode, repito, pode levar à extinção, enquanto tal, da Freguesia de S. Pedro do Concelho da Figueira da Foz.
 
Esta re-postagem, “ Deste povo, este mar”, (X)  tem a simples, mas importante intenção de lembrar que, para além dos critérios de censos populacionais e geográficos, este povo da Cova e da Gala tem uma identidade que lhe advém da gênese e que está para além da Figueira da Foz.
 
Quero com isto dizer que, sendo figueirenses, os covagalenses não são só figueirenses, são mais do que isso.
 
Carregam na sua identidade o legado das gentes de Ílhavo que no século XVII aqui, à Cova d’oiro, (Cova’doiro é um conceito, uma realidade ou um sonho?)  chegaram, se instalaram, se desenvolveram e disseminaram  Cova-Gala, um povoado e um só povo... uma vila!.
 
A Freguesia de S. Pedro faz parte desse trajeto, desse património.
 
Convém não o esquecer!
 

A sopa dos pobres

 

Estávamos em 1943 em plena grande guerra.
A Europa cansada e moribunda em consequência de ódios antigos, ânsias de hegemonia e poder.
Neste cantinho imperava o desemprego, o medo, o racionamento, a miséria e a fome.
Povo cabisbaixo, vencido e resignado, entregue a um destino sem sentido e esventrado na sua dignidade humana.

Valia o altruísmo de alguns a quem doía a visão da fome e da miséria.

Estávamos em 1943 em plena Cova num local que alguns ainda reconhecerão.
Hoje, outros, infelizmente, reconhecerão o mesmo olhar, a mesma resignação que não se devia repetir.

 

 

Naufrágio da "Vila de Buarcos"

Traineira naufragou à entrada do porto da Figueira da Foz

 

foto de João Pita

 

Diziam os "velhos da praia", no topo do molhe do meio da praia do Cabedelo que, logo à saida da barra, se sentiram fortes vibrações.

A rápida inspeção  à casa da Máquina mostrou entrada franca de água por uma tábua solta no costado.

Retorno de imediato à barra na tentativa de encalhar a "Vila de Buarcos" no Cabedelinho.

Não chegou lá.

Ficou sem propulsão e afundou-se no canal de navegação da barra da Figueira.

Felizmente salvaram-se todos os 17 tripulantes, dois dos quais da Cova-Gala; O Milton e o Naia.

À vista restam as boias, as redes e os cabos que obrigam ao encerramento da barra.

 

Foto de João Pita 

 

Caravela Sagres St MManuela e Creoula

João Pita

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