Fado Ribatejo
escrito por Pedro Barroso e cantado por João Chora no programa Em Casa da Amália da RTP1
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escrito por Pedro Barroso e cantado por João Chora no programa Em Casa da Amália da RTP1
Mix de músicas e poemas:
Longe daqui, Lua, Esperança e Poema do lavrador de palavras aos politicos.
Pedro Barroso
Pus-me à noite a ouvir o mar
sentado na pedra sentado na areia
e senti uma barcarola criar devagar
esta melodia
tinha a crista e vaga desta vaga história
d'arte marinheira
luzia na prata mais rica,
mais rica mais rica que havia
e aquele pensamento d'ir e voltar sempre
que há na maresia
fez subir da água, dessa água toda, cem mil caravelas
era mais que o mar mais que a vida toda
quem ali fervia
e foi muito mais que um homem com guitarra
quem soltou as velas
tive ali a consciência
tinha ali a história toda
tinha ali um povo antigo
a cantar comigo uma canção de roda
Mergulhei da praia nessa história grande
de alma derramada
falei com mareantes e conquistadores
gente aventureira
crepitei nas ondas marés de ida e volta
partida e chegada
cortei fundo a crista do gume das vagas
duma vida inteira
mas daquele mar fundo fundo mar que lá fica sempre
trago só lembranças e um saco de tempo
s'é que o tempo presta
quem disser que o viu que o compreendeu
ou se esquece ou mente
pois no fundo hoje a raiva que ficou
é tudo o que nos resta
Tive ali a consciência
tive ali a história toda
tive ali um povo antigo
a cantar comigo uma canção de roda
Pedro Barroso
Força, trovador!
Um abraço de gratidão pelo bálsamo da sua companhia.
À noite
Composição de Pedro Barroso
Pedro Barroso
"... Deixem-me sonhar que num tempo novo
Nascerão do Caos
O Homem completo, a gente bonita
A Nação ternura.
...
E a Sabedoria seja infinda e livre e nunca demais ..."
Pedro Barroso
Pedro Barroso
"Cada um de nós nasce com um artista cá dentro
Um poeta, um escultor, um aventureiro...
um cientista, um pintor, um arqueologo, um estilista, um astronauta, um cantor, um marinheiro".
...
"E se aquilo, aquilo que nos dão todos os dias não for coisa que se cheire ou nos deslumbre,
que pelo menos nunca abdiquemos de pensar com direito à ironia, ao sonho, ao ser diferente.
E será talvez uma forma inteligente de, afinal, nunca... nunca, nunca ser tarde demais para viver,
nunca ser tarde demais para perceber,
nunca ser tarde demais para exigir,
nunca ser tarde demais para ACORDAR".
Se quiseres partir amanhã
eu páro o mundo
com facilidade, assim
com esta mão
e então descobriremos
o mais profundo fundo que há no mundo
que é no irmos fundo às coisas
que há razão.
de verdades consumadas me consomem
de falácias bem montadas me alimentam
mas meu filho, mora o reino do futuro
que é mais duro
e não vai ser com palavras
que o contentam.
Se a morte lenta te rebenta sob a pele
a cada dia e se no teu braço apenas sentes a força
de um cansaço organizado
mas manténs na tua fronte a dúvida
e o gosto pelo longe e a maresia
e se sentes no teu peito de criança
a alma de um sonho amordaçado
se quiseres partir amanhã
eu páro o mundo
com facilidade assim
com esta mão
e então descobriremos o mais profundo
fundo que há no mundo
que é no irmos fundo às coisas que há razão
Iste mundus furibundus falsa prestat gaudia,
quia fluunt et decurrunt ceu campi lilia.
Laus mundana, vita vana vera tollit premia,
nam impellit et submergit animas in tartara.
(in "Carmina Burana", c.1230)
Tradução do latim:
Este mundo furibundo nos dá falsas alegrias,
que fluem e se dissipam como pelos campos os lírios.
Louvores mundanos, vida vã afastam-nos dos veros prémios,
para impelir e submergir nossas almas no tártaro.
Letra e música: Pedro Barroso
Intérprete: Pedro Barroso (in "Roupas de Pátria, Roupas de Mulher", 1986)
Deu-me hoje o pensamento para me transportar a Novembro de ano de 1973.
Faltavam uns simples e rápidos dois mesitos e qualquer coisa para alinhar, miliciano e como carne para canhão, em defesa da pátria.
Digo-a em letra pequena porque, a de então, a entendia assim, pequena.
Naquele tempo a nossa jovialidade foi abalada pelo estrondo insano de uma mina, que ribombou em nossos peitos e nos derrotou.
Afinal não éramos imortais, morrera-nos um amigo.
Aquele, o mais jovial!
Esta melodia do Pedro Barroso levou-me àquele tempo e repôs a noção de que os muitos problemas do Portugal de hoje não são assim tão definitivos!
Pedro Barroso
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Pus-me à noite a ouvir o mar
sentado na pedra sentado na areia
e senti uma barcarola criar devagar
esta melodia
tinha a crista e vaga desta vaga história
d'arte marinheira
luzia na prata mais rica,
mais rica mais rica que havia
e aquele pensamento d'ir e voltar sempre
que há na maresia
fez subir da água, dessa água toda, cem mil caravelas
era mais que o mar mais que a vida toda
quem ali fervia
e foi muito mais que um homem com guitarra
quem soltou as velas
tive ali a consciência
tinha ali a história toda
tinha ali um povo antigo
a cantar comigo uma canção de roda
Mergulhei da praia nessa história grande
de alma derramada
falei com mareantes e conquistadores
gente aventureira
crepitei nas ondas marés de ida e volta
partida e chegada
cortei fundo a crista do gume das vagas
duma vida inteira
mas daquele mar fundo fundo mar que lá fica sempre
trago só lembranças e um saco de tempo
s'é que o tempo presta
quem disser que o viu que o compreendeu
ou se esquece ou mente
pois no fundo hoje a raiva que ficou
é tudo o que nos resta
Tive ali a consciência
tive ali a história toda
tive ali um povo antigo
a cantar comigo uma canção de roda
Pedro Barroso
O Poeta e cantador de Portugal tem razão, tem toda a razão!
Nestes tempos de domínio de agências de rating, juros e da anónima e ínvia especulação financeira que coloca em causa a soberania, velha e milenar, é bom lembrar quem somos de onde provimos.
O dificil, dificil mesmo, é ter a noção do essencial e do verdadeiro escalonamento das prioridades.
Música de Pedro Barroso
Letra de José Saramago
do poema "Nasce Afrodite amor, nasce o teu corpo"
Um dia destes um jovem amigo, com quem partilho o gosto de ouvir Pedro Barroso, disse-me que esta lindíssima canção lhe trazia à memória a sua saudosa avó.
É verdade. Este belo poema evoca aqueles cabelos brancos da nossa infância, os olhos meigos que nos olhavam nos momentos de maior fraqueza e nos perguntava:
- Que é menino, que tens?
- Anda cá à avó, anda!
No aconchego de seu colo passava a mão pelos nossos cabelos rebeldes, uma e outra vez, murmurando:
- Pronto, pronto já passou!
- Vai lá que isso não é nada!
E lá partíamos correndo desbravando esse mundo inteiro que se abria à nossa frente.
Divido por todos nós e por todas as rugas e cabelos brancos das nossas infâncias, a música e a voz deste trovador de Portugal, Pedro Barroso.
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