O Homem do mar da Cova-Gala! .. É desta??
A idiossincracia do povo da Cova e da Gala está umbilicalmente ligada ao mar.
Foi pelo mar que aqui chegaram, à Cova d'oiro, nos idos tempos da década de 70 do século XVIII.
Foi no mar que os homens e, também, as mulheres deste povo forjaram o seu temperamento peculiar enquanto entidade colectiva.
Já alguém disse que ..."do mar emergem as raízes deste povo, dele se eleva a sua história".
Nem imaginam o quanto e porque concordo com esta frase que está, aliás, registada e gravada a bronze num elemento escultórico no largo da Alminhas.
Nos primeiro tempos da fundação os homens da Cova amanharam o mar nas árduas lides das artes da praia (modernamente designada xávega).
Desde as últimas décadas do século XIX e até meados do século XX temperaram com o sal do mar do Atlântico norte o suor desse esforço insano, que foi a epopeia da pesca do bacalhau à linha.
Na frota da Figueira da Foz as companhas dos esbeltos lugres bacalhoeiros eram, na sua grande maioria, compostas por homens da Cova e da Gala.
Longos meses vogando em alto mar entregues a si próprios na solidão dos dóris, sentindo no rosto o afago amargo da surriada, temendo pelo inebriante e desorientador nevoeiro da Terra Nova e Gronelândia, perspectivavam a viuvez das mulheres e a orfandade dos filhos.
Por tudo isto, unanime e orgulhosamente aceite pela população da freguesia de S. Pedro, se justifica que, há mais de doze anos, exista o projecto de perpétuar, em elemento escultórico, (vulgo estátua) a mémória do homem do mar da Cova-Gala.
A verdadeira homenagem a este homem do mar é na freguesia de S. Pedro que deve ter lugar!
Com a dignidade que os nossos antepassados merecem!
Tenho receio que tal dignidade seja conspurcada pelos interesses de ocasião que os anos eleitorais são ávidos em proporcionar.
O facto desta homenagem, - que vai ser paga por TODOS NÓS ao contrário do que alguns pensam, - estar a ser tratada e gerida nos confins dos segredos mais envergonhados e nas brumas de complexos temores de pelágia desconfiança, não augura nada de bom.
A cultura, se não for partilhada e vivida pelas comunidades a que dizem respeito é e será sempre MENOR.
Como, há quatro anos, foi MENOR a cerimónia do hastear dos símbolos hieráldicos da freguesia de S. Pedro que, por imposição de interesses e negociatas politico-partidário pseudo independentistas, foi transformado num "grandioso e de sucesso" comício de propaganda eleitoral e a que não faltaram, inclusivé, aspectos censórios.