... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego.
Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira
... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego.
Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira
Isto do dinheiro tem muito que se lhe diga. Como coisa, matéria, substância que é desloca-se, escorre, flui, esvai-se; quando falta deste lado escorre para o outro. É como as marés; preia-mar deste lado, vaza do outro. A informação que nos chega é sempre parcelar, parcial, interesseira e redutora, confinada ao nosso espaço, permitindo só uma única visão: A nossa crise! (neste caso Grega). Só nos impingem a necessidade e obrigação de poupar. Sonegam-nos a noção do TODO e é aí que reside o verdadeiro interesse em perpetuar a crise: O LUCRO, alarve e criminoso, de alguns, à custa da miséria de muitos. Ah..., depois temos a incompetência dos minorcas da politica. Para não falar nos outros que confundem a avidez pessoal com o interesse publico. Parecem gado em transumância sempre à procura do pasto mais verde. Satisfazem-se em acumular cargos, ser ministros, presidentes disto concelhio e daquilo, vereadores, deputados da Nação e, ou, da União. Ponham os olhos e os ouvidos nos Varoufakis deste mundo, minorcas! São eles, os Varoufakis deste mundo, que ficam na História porque visionários estrategas empenhados em resolver as coisas em que acreditam. Vocês, minorcas, limitar-vos-eis a pastar os prados verdes que os donos da crise vos ofertarão e ofertarão ... E a indignidade é que vós, minorcas, nem sequer reparais nos baldios que vão secando ao vosso redor, ocupados que estais no vosso degustar, degustar ...
Sem saber, quase sem sentir ou sequer pressentir, aluguei o sótão a um inquilino.
De repente e por acaso, puro acaso de uma dessas curvas da vida que nos marcam a existência, dei comigo a constatar a existência plena e ribombante de um inquilino a quem tinha alugado o sótão.
- Como?
- Sei lá como! Nem sequer tinha noção que tinha sótão quanto mais inquilino!
Quer dizer, esta de dizer; nem sequer tinha noção que tinha sótão é relativo exagero.
Claro que toda a gente tem sótão e eu também.
É no sótão que vamos guardando ao longo da vida as coisas a que damos importância, coisas importantes num determinado momento, noutro nem tanto, mas importantes afinal.
Passamos largos períodos da vida amealhando e arrecadando no sótão.
Por vezes, damos connosco no sótão a vasculhar as coisas arrecadadas, relembrando, recordando, qual filme, todo o percurso que fomos palmilhando, umas vezes sós, outras acompanhados pelos que amamos.
E sorrimos, claro que sorrimos no vislumbre colorido de vidas já vividas.
Normalmente o sótão está tão ocupado que já não cabe lá mais ninguém.
Ora, aqui é que está o gato!
O enigma!
Era suposto não existir inquilino. Pois é, mas o inquilino existe e está lá.
- E quem é este inqulino, tem nome?
- Sei lá eu, acho que sim, tem um nome estranho que termina em oma, sei lá.
- Vive só?
- É pacato e discreto, ou é um desses que leva a vida numa roda viva de convivas, festas e festanças sem se preocupar com os outros?
- Tem família?
- Família estável ou das que se vão multiplicando e desmultiplicando contínua e descontroladamente absorvendo e anulando todos os outros?
Pelo que me dizem, amigos que já o conhecem de outras andanças, outras festas e festanças, este inquilino gosta de viver só.
É sereno, pacato e vive fechado em si mesmo sem dar cavaco a ninguém ao seu redor.
Ah, malandro!
Não deixas de ser um penetra, penetra despropositado, deslocado e inconveniente.
Do mal o menos.
Inquilino por inquilino que sejas assim, discreto e amorfo.