Quem és tu?
Quem és tu
Que bates à porta de mansinho
Me falas com carinho
E mostras o caminho
Sinuoso da tentação?
Neste amor contido
Tua imagem é a visão
Que ultrapassa o sentido.
É o meu fado e a razão
Desta minha alucinação.
Por ti eu vou
Nesta viagem
Sem destino.
Sem partida
Nem chegada.
Neste percurso
Eu sou
Um sopro
Uma aragem
Uma miragem.
E tu, só.
Nessa margem.
Quase nada me apoia
A um grande nada me agarro.
É loucura, é sonho
É solidão.
Tua imagem me persegue
Me enche e me segue.
Será loucura
Será razão?
E esta imensidão de nada
Me inunda o coração.
João Pita
Algures em 1999