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Cova d'oiro

... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego. Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira

Cova d'oiro

... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego. Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira

corda01

Terra, Vida, Saber, Ser.

 

O velho pescador, sentado com os antebraços apoiados na pedra da falésia de fronte ao mar, desenhava.

Mirava o mar e desenhava. Pintava.

Quem por ali passasse distraído diria que pintava as ondas, o mar e o horizonte.

Puro engano.

Olhando com mais atenção via-se que desenhava a própria mão. O braço esquerdo apoiado no cotovelo, sobre-elevado em diagonal, mão ligeiramente descaída e os dedos arqueados em concha, formando com o polegar uma espécie de gruta, de nicho. Um abrigo.

Contornou e reforçou o desenho do polegar, da unha e realçou a aspereza dos calos que uma vida inteira de trabalho no mar, ali deixara testemunho.

No interior da concha de abrigo em que se transformara a sua mão, desenhou uma flor, um cravo. Inundada de luz vermelha refulgente, mas tão frágil, tão fugaz, tão suspensa.

O velho pescador descansou o lápis mirou uma vez mais a flor, o cravo e, de seguida, alongou o olhar para o mar. Aí se ficou, ao longe se perdeu.

Num sobressalto retoma o lápis.

Desenha frenético, na parte inferior do papel, um chão de terra castanha atapetado pelo “Funcho do Mar” e salpicada, aqui e ali, do verde do “Chorão-da-Praia”. À esquerda, meia dúzia de viçosos “Lírios das Areias” escondem o emergir da terra do braço e do pulso. Ao centro, mesmo por debaixo da falange do polegar, três pedras húmidas e juntas abrigam um tufo de “Madressilvas”.

 

No centro do papel, sob a mão e à sua sombra, desenha um livro entreaberto pelo meio. Repousa sobre a cruz de uma âncora - um ferro almirantado - cravada no chão de terra.

A haste desta âncora alonga-se por de baixo do pulso e entrelaça-se pelo cepo a uma enxada cravada na terra. O longo cabo da enxada eleva-se em diagonal por detrás da mão e aponta ao cimo.

O velho pescador pára de desenhar, olha o mar uma e outra vez e retoma.

Desenha agora os contornos da folhas do livro e o mesmo ganha volume e conteúdo.

Procura um lápis mais grosso e escreve nas duas páginas abertas:

 

Na da esquerda, em cima: Vida.

Junto ao rodapé: Ser.

À direita , no topo: Saber.

Lá em baixo: Terra.

 

Levanta-se agora o pescador, estica as pernas e as costas já doridas. Olha o papel a sua obra e mordisca o indicador direito pensativo.TerraVidaSaberSerWEB.jpg

Torna a sentar-se e desenha uma hera trepadeira. Nasce do chão húmido, sob o livro e rente ao ferro almirantado. Cresce e trepa sinuosa até ao alto, à ponta do cabo da enxada. A ele se enrosca uma, duas voltas.

Suporta uma enorme planta, sem flor, meio seca e com as raízes suspensas no ar.

No canto superior esquerdo traça a risco esparso um sol que inunda de luz e calor todo o desenho.

Não resisto mais, chego-me ao velho pescador, que há muito tinha, discreto, topado a minha curiosidade.

- Ó ti Zé, desculpe a curiosidade. Porque desenhou a planta meio seca, suspensa no ar e sem ter as raízes na Terra?

Sorriu, mirou-me fundo nos olhos, deu-me o desenho e disse:

- Toma jovem, é para ti.

Olha-o com atenção.

Quando souberes a resposta a essa pergunta volta aqui.

Vem ter comigo e acabamos de o desenhar juntos.

 

 

Negrume de fogo

Negrume de fogo

 

Pairam vampiros negros, alados
Rolam negrumes de cinza em desnorte.
Línguas, labaredas, troncos tisnados....
Chiam arrepiantes leteias serpentes
Escarnindo uivos de anunciada morte.

 

Preces de angústia, impotente agonia.

 

Do limbo negro do telúrico inferno
Tisnados emergem, arrastando o caminhar
Anjos da paz de vermelho e negro vestidos.
Ombros caídos, ansioso e lívido olhar
Lágrimas secas cavam nas rugas leito,
Arfando angústia em dorido peito.

 

… pó da terra.bombeirosWEB (1).jpg

País sem norte!

 

Globalização de fogo ávido de ter
Devora queima, assa, mata e torra.

Monstro acéfalo e disforme.

 

Utopia, precisa-se!!!

 

Volte o verde, azul e fresco
Volte o Homem e a Natureza

 

Crie-se a Globalização Ambiental
E de todas as naturezas

 

Incluso a humana...

 

Caravela Sagres St MManuela e Creoula

João Pita

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