Cova-Gala, um povoado e um só povo... uma vila! (cont. 02)
Por concordarmos inteiramente com o aqui está escrito tomamos a liberdade de transcrever parte de um magnifico post do "Outra Margem".
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Nesta altura o Desportivo Clube Marítimo da Gala tinha acabado de perder o seu campo de futebol. A Câmara Municipal da Figueira da Foz tinha vendido o terreno, onde este se encontrava, á TERPEX.
Dois directores (José Vidal e Manuel Afonso Baptista) do Desportivo Clube Marítimo da Gala - Centro de Recreio Popular Nº72 - resolveram ir à Direcção Geral das Florestas e pedir ao sr. Engenheiro Gravato a cedência duma fábrica em ruínas que existia no Cabedelo. O sr. Eng. Gravato disse-lhes que podiam fazer o campo nessas instalações velhas, mas que teriam também de pedir a alguém na Casa dos Pescadores de Buarcos, visto eles se intitularem com direitos à dita fábrica.
Juntaram-se a estes dois directores mais alguns elementos, tais como Manuel Curado, Inácio Pereira e outros ligados ao sector da pesca. Atendidos pelo sr. Tomás, este disse estar na disposição de ceder as instalações, tanto mais que ambas as entidades as reclamavam para si e assim a partir dessa data ficariam para as povoações de Cova-Gala.
Estando este caso esclarecido, foi então feito um peditório pela povoação para o aluguer duma máquina de terraplanagem, a qual serviu também para o início da abertura duma ligação à praia da Cova (hoje Rua do Mar) e outros caminhos. Os primeiros montes de solão, cedidos pelo sr. Manuel Paralta (padeiro) vieram de Lavos, trazidos por batéis para a borda do rio e dali carregado para o campo de futebol.
Era o princípio do fim da rivalidade que existia entre a Cova e a Gala. Foram tempos difíceis para se avançar com a feitura do campo. O solão não havia em abundância e o saibro também não estava muito em uso. Foi preciso esperar mais alguns anos, até que alguém, com vontade férrea de vencer estas rivalidades fez vingar a ideia da vivência pacifista. Foram eles, os fundadores do Grupo Desportivo Cova-Gala. Foram eles, que mais do que construir um campo e uma equipa de futebol, tinham em mente a unificação total destas duas povoações.
O DESPERTAR DE UM SONHO
- Há muitos anos que a rivalidade entre a população de Cova e Gala existia. O povo andava cansado de tantas zangas e invejas. Os da Cova sentiam certa altivez por parte de quem vivia na Gala. Os da Gala, na verdade, sentiam-se superiores na educação e trato. Era tempo de mudar este estado de coisas. Estávamos em 1966. Ambos, o Desportivo Clube Marítimo da Gala (representando a Gala) e o Clube Mocidade Covense (representando a Cova) tinham um Rancho Folclórico. Raramente estes ranchos se encontravam para cruzar estandartes. Neste dia o Rancho do Marítimo tinha saído de manhã, mas tinha ordens para se apresentar na sede do Clube logo após o almoço, para uma pequena festa. O Rancho do Covense iria sair durante a tarde e iria passar em frente à sede do Marítimo da Gala ... nesta altura só cinco pessoas sabiam o que iria acontecer nessa tarde. Com a aproximação à sede do Marítimo, do Rancho do Covense, que já estava a menos de 200 metros, o Rancho do Marítimo saíu da sua sede com intenção de cruzar estandartes. Neste ano, pelo Carnaval, dois elementos vestidos à “Zorro”, José Vidal e José Lima, previamente combinados, e com a ajuda do Manuel Penicheiro, João Come-nabos e Manuel Catulo Pata obrigaram os ranchos a cruzarem os seus estandartes bem perto da sede do Desportivo Clube Marítimo da Gala, entrando neste em seguida. Ali dentro havia muitos bolos e vinho do porto para todos. O Rancho do Covense dançou e agradou. Houve muitas lágrimas e emoções! O povo, em si, saltava de contente. Foi um dia muito Feliz para toda a gente. Estava a renascer a fraternidade e o respeito mútuo. Enfim, Cova-Gala ! ...
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Eu, assino por baixo.
Estamos, na Assembleia de Freguesia de S. Pedro e não só, a envidar todos os esforços para, repondo a realidade histórica, atenuar os efeitos de insatisfação, incredibilidade e divisionismo que se instalou no seio do povo da Cova-Gala.