... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego.
Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira
... algures na costa portuguesa mesmo a sul da foz do rio Mondego.
Era, como se dizia então, um bom pesqueiro. Havia fartura de pescado e as artes, ainda novas e de não fácil manuseio, vinham carregadas até á vergueira
Eu sou um menino do ar do vento navegando nas asas do pensamento embalado pelo sopro brando do vento aos píncaros da alegria e do sofrimento em vagas de dor e de contentamento.
Eu sou um menino da vaga e da espuma deste mar onde navego e se esfuma toda a esperança alojada em escuma fugaz efémera volátil leveza de pluma como sopro alado de quem “suruma”.
Eu sou um menino do pó e do caminho que vai andando deambulando sozinho e tropeçando nas veredas em desalinho procura incessante as origens do ninho que dê nome valor e algum pergaminho.
Eu sou um menino da maresia e do sal espantado pelo profícuo povo que tal gente determinou ser única e original ao ponto de a partir da pia batismal nome tomar por seu a bravura matricial
Eu sou um menino das dunas e da areia bebeu água de poços dos quintais da aldeia e já navegava na ideia de na maré cheia nas vagas do mar encontrar a sereia sua eterna onírica e plebeia Dulcineia.
Eu sou um menino do rio e do mar qual gigante navegou mares de Zanzibar. de aqui ali e acolá em eterno vaguear sulcou oceanos não sabendo sequer sonhar um dia no atlântico norte e frio naufragar.
Eu sou um menino da vida e do sonho. suponho risonho tristonho Medronho.
um cientista, um pintor, um arqueologo, um estilista, um astronauta, um cantor, um marinheiro".
...
"E se aquilo, aquilo que nos dão todos os dias não for coisa que se cheire ou nos deslumbre, que pelo menos nunca abdiquemos de pensar com direito à ironia, ao sonho, ao ser diferente. E será talvez uma forma inteligente de, afinal, nunca... nunca, nunca ser tarde demais para viver, nunca ser tarde demais para perceber, nunca ser tarde demais para exigir, nunca ser tarde demais para ACORDAR".
Mandado de despejo aos mandarins da Europa! Alvaro de Campos 1917. Versão de Maria Bethânia
Fora tu, reles esnobe, plebeu, fora tu, imperialista das sucatas, charlatão da sinceridade, banalidade em caracteres gregos, sopa salgada fria, fora com tudo isso, fora! Que fazes tu na celebridade? Quem és tu? Tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro, todos os outros, lixo, cisco, choldra provinciana, safardanagem intelectual, incompetentes, barris de lixo virados para baixo. Tirem isso tudo da minha frente, tudo daqui para fora. Ultimatum a todos eles e a todos os outros que sejam como eles. Todos! Falência geral de tudo por causa de todos. Falência dos povos e dos destinos, desfile das nações para o meu desprezo. Passai gigantes de formigueiro. Passai mistos que só cantai a debilidade. Passai bolor do novo, passai à esquerda do meu desdém. Passai e não volteis, párias na ambição de parecer grande. Passai finas sensibilidades, montes de tijolos com pretensões a casa. Inútil luxo, passai, vã grandeza ao alcance de todos, megalomania triunfante, voz que confundis o humano com o popular, que confundis tudo, chocalhos incompletos, maravalhas, passai! Passai tradicionalistas auto-convencidos, anarquistas deveras sinceros, socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar. Vem tu finalmente ao meu asco, roça-te finalmente contra a sola do meu desdém. 'Grand finale' dos parvos, impotência a fazer barulho. Quem acredita neles? Descasquetem o rebanho inteiro, mandem isso tudo para casa, descascar batatas simbólicas. O mundo tem sede de que se crie, tem fome de futuro. Tu, Estados Unidos da América, síntese bastardia da Baixa Europa, alho da sorda transatlântica pronúncia nasal do modernismo inistético. E tu, Portugal, centavos, resto da monarquia a apodrecer república. E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral, que nem te queria descobrir. Ponham-me um pano por cima de tudo isso, fechem-me isso a chave e deitem a chave fora. A política é a degeneração gordurosa da organização da incompetência. Sufoco de ter só isso à minha volta. Deixem-me respirar! Abram todas as janelas, abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo. Nenhuma idéia grande, nenhuma corrente política que soe a uma idéia grão. Época vil dos secundários, dos aproximados, dos lacaios com aspirações a reis lacaios. Sim, todos vós que representais o mundo, todos vós que sois políticos em evidência em todo o mundo, passai vozes ambiciosas do luxo cotidiano, aristocrata de tanga de ouro. Passai vós que sois autores de correntes sociais, de correntes literárias, de correntes artísticas, verso da medalha da impotência de criar. Passai, frouxos! Passai, radicais do pouco! O mundo quer grandes poetas, quer grandes estadistas, quer grandes generais. Quer o político que construa conscientemente os destinos inconscientes do seu povo. Quer o poeta que busque a imortalidade ardentemente e não se importe com a fama. Quer o general que combata pelo triunfo construtivo, não pela vitória que é apenas a derrota dos outros. O mundo quer a inteligência nova, a sensibilidade nova. O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro. O que aí está não pode durar porque não é nada. Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar. Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir um mundo novo. Ergo-me ante o sol que desce e, à sombra do meu desprezo, anoitece em vós, e proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico e saudando abstratamente o infinito".
É filho de pescadores e marinheiros, de gente do mar.
Talvez por isso, ou também por isso, foi um adolescente problemático, desajustado a um tempo e ao seu próprio tempo. Caminhou por ínvios caminhos da adição, da sujeição, da destemperança e do descontrolo anímico e emocional.
As suas capacidades cognitivas, acima da média, foram causadoras de uma, ainda, maior dor e desassossego.
Sempre gostou de escrever e, ao fazê-lo, foi descrevendo a sua angústia e revolta. A um tempo identificando-a como só ele o sabia fazer e, a um outro, a incapacidade de lhe pôr termo.
Ao contemplares a natureza, agradecido, sorri. Quando sentires fixo em ti o olhar de uma criança, sorri. Se reparares no cansaço de um velho, ajuda-o e sorri. Na presença da dor do outro, como bálsamo, sorri. Com os lábios, com os olhos e com a alma Sorri Sorri, sempre!
O teu sorriso não é teu, é do outro Se o tiveres de volta, Sorrindo Pensa, Continua a não ser teu Foi-te dado.
de um dia encontrares o palácio da ilusão, da ventura. Mero engano oh, português das serranias e da lusitânia
que já navegaste mares para além da Mauritânia. Hoje, a ânsia desejada da esperança e da ventura, é o que se vê. Tem o nome de coelho, sarkosi, merkel, FMI e BCE.
Para não falar na troika, portas, cavaco e o ... catano!!
... e o raio que os parta a todos (e ninguem nos ouve?)