Homenagem a Raul Solnado
" ... o meu filho vai para a guerra, mas vai limpo..."
" ... bati à porta da guerra e perguntei..."
Lembro aquele jovem, nos idos anos de 1973, alegre, jovial, olhos no horizonte, desafiando o mundo.
Percorria, mochila e saco a tiracolo, a placa de betão do aeroporto a caminho do avião que o havia de transportar à escola prática de infantaria, aonde aprenderia as artes da guerra.
Ia em grupo, no meio de outros amigos, alegres e joviais.
Ouvia, vindo lá de cima da varanda do aeroporto, o choro compulsivo das mães e dos pais naquela hora de despedida.
Não entendia, ainda, os sinais de angústia e de incerteza no futuro contidos naquele pranto.
Sentado no interior do avião perscrutou a varanda vislumbrando os acenos e os lenços num derradeiro adeus.
É nesse momento que a ladainha, que tantas vezes o fez sorrir, ribombou em seus ouvidos vinda sabe-se lá de onde:
" ... o meu filho vai para a guerra, mas vai limpo..."
Até sempre, Raul Solnado.